Hoje (31/10/2022) é marcado por 505 anos da REFORMA PROTESTANTE protagonizada por Martinho Lutero, e como poderíamos, então, fazer uma síntese deste homem? Para aqueles à mesa numa noite, ele oferece uma curta autobiografia resumida que indica as voltas e mais voltas de sua vida — que nem astrólogos poderiam ter previsto. Ele escolhe enfatizar seu passado humilde, descrevendo seu pai, avó e bisavó; todos como camponeses. Fala sobre como seu pai queria que ele se tornasse um advogado. Porém, para grande desgosto de seu pai, tornou-se um monge: “E então puxou os cabelos do Papa e se casou com uma freira apóstata. Quem poderia ler isso nas estrelas?
Martinho Lutero era um cidadão comum, filho de um minerador. O mais velho dos sete filhos nascidos de Margarethe e Hans Lutero, o jovem Martinho. Aos cinco anos, ele estava começando em uma escola de latim próxima e, aos catorze, Lutero iniciou os estudos em um internato administrado por uma comunidade monástica conhecida como os ‘Irmãos da Vida Comum’. Aos dezoito anos, ele foi para a Universidade de Erfurt, onde se sobressaiu em seus estudos e sonhava em se tornar um distinto professor. O jovem estudante graduou-se em 1502 e concluiu o mestrado em 1505, sendo o segundo entre dezessete candidatos. Seguindo os desejos maternos, inscreveu-se na escola de direito da mesma universidade. Mas tudo mudou após uma grande tempestade com descargas elétricas, ocorrida naquele mesmo ano (1505): um raio caiu próximo de onde ele estava passando, ao voltar de uma visita à casa dos pais. Aterrorizado, teria, então, gritado: "Ajuda-me! Eu me tornarei um monge!” Tendo sobrevivido aos raios, deixou a faculdade, vendeu todos os seus livros, e entrou para a ordem dos Agostinianos, de Frankfurt, em 17 de julho de 1505. Em 1507, Lutero foi ordenado sacerdote. Em 1508, começou a lecionar teologia na Universidade de Wittenberg. Lutero recebeu seu bacharelado em estudos Bíblicos em 19 de março de 1508. Em 19 de outubro de 1512, ele graduou-se em doutor em teologia e, em 21 de outubro do mesmo ano, foi "recebido no Senado da Faculdade Teológica" com o título de "doutor em Bíblia". Em 1515, foi nomeado vigário de sua ordem tendo sob sua autoridade onze mosteiros.
Durante esse período estudou hebraico, o que facilitou para a sua tradução da Bíblia. Dois anos depois, visitou Roma, de onde regressou bastante decepcionado. Foi durante esse período que o jovem sacerdote se deu conta dos problemas que o oferecimento das indulgências aos fiéis, como se esses fossem fregueses, poderia acarretar. A indulgência é a remissão (parcial ou total) do castigo temporal imputado a alguém por conta dos seus pecados (aplicável apenas a alguém que esteja em estado de graça, ou seja, livre de pecados graves, e arrependido de todos os seus pecados veniais). Lutero viu este tráfico de indulgências como um abuso que poderia confundir as pessoas e levá-las a confiar apenas nas indulgências, deixando de lado a confissão e o arrependimento verdadeiros. Proferiu, então, três sermões contra as indulgências entre 1516 e 1517. Segundo a tradição, em 31 de outubro de 1517 foram fixadas as 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, com um convite aberto a uma disputa escolástica sobre elas. Essas teses condenavam o que Lutero acreditava ser a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso e pediam um debate teológico sobre o que as Indulgências significavam. Para todos os efeitos, contudo, nelas Lutero não questionava diretamente a autoridade do Papa para conceder as tais indulgências. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas se haviam espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses, por toda a Europa. Este foi o primeiro episódio da história em que a imprensa teve papel fundamental, pois facilitou a distribuição simples e ampla do documento. Toda a trajetória da Reforma você pode ler no nosso livro "História da Igreja vol.III"
Catarina sinalizou para um amigo de Lutero que o reformador seria o tipo de marido que ela aceitaria – apesar da diferença de idade entre ambos, que era de quase dezesseis anos e apesar de Lutero dizer que não se casaria, não se sabe o que, por fim, fez Lutero decidir-se pelo casamento. Então, no dia 27 de junho de 1525, o ex-monge Martinho Lutero casou-se com a ex-freira Catarina de Bora. Ele tinha 42 anos e ela 26. Martinho Lutero e Catarina de Bora tiveram seis filhos: Johannes, Elisabeth, Magdalena, Martin, Paul e Margaretha. Duas filhas faleceram ainda crianças. Nesta união houve uma parceria mútua, onde Catarina como esposa, lhe deu todo suporte necessário para as disputas e concílios que viriam ao longo dos vinte anos de casados. Lutero, desde muito moço sempre teve uma saúde frágil, bem como sua depressão - um dos bons atributos de Martinho Lutero é que ele não escondia sua depressão profunda, embora tenha sido gravemente afligido ao longo de toda sua vida. Ele sofria de depressão severa e normalmente aguda (manifesta pelo seu suor intenso). No final do outono de 1528, ele estava seriamente debilitado por uma doença hoje conhecida como doença de Ménière, uma lesão no ouvido interno que se manifestava com vertigem e tinido (tontura e zumbido nos ouvidos). Ele sofria também com úlceras, indigestão, constipação e outras doenças, especialmente quando mais novo. Nos últimos dez anos de sua vida, Lutero teve pedras nos rins, gota, artrites, hemorroida, problemas no coração e, se isso não fosse o suficiente para abatê-lo, foi atormentado com catarro, inflamação no nariz e na garganta. Catarina procurou tratá-lo com todo tipo de remédios que sabia que podiam ajudar, afinal ela era tida por muitos naquela época através de seus conhecimentos medicinais, melhor que muitos médicos (uma afirmação feita pelo seu próprio filho Paulo que se formou em medicina). Devido a essa gama de debilidades, Martinho Lutero teve morte natural, embora não haja um consenso entre os seus biógrafos acerca da sua causa de morte. O historiador Frantz Funck-Brentano, por exemplo, escreveu em sua obra "Martim Lutero":
“Os dois médicos, que o tinham tratado nos últimos momentos, não puderam chegar a um acordo sobre a causa de sua morte, opinando um por um ataque de apoplexia, outro por uma angina pulmonar.”
Este é um pequeno resumo da vida de um camponês comum, no qual se tornou um grande homem comum nas mãos de nosso Deus! Como já dito acima, adquira o livro, "História da Igreja vol III”, e conheça com maior profundidade a vida deste homem e seus companheiros da Reforma.