Em meio a crises
Acho que você já deve ter escutado pelo menos uma vez em sua vida a seguinte frase:
“A vida é feita de altos e baixos.”
O que, de fato, é verdade. Quem nunca sentiu que estava vivendo dias maravilhosos — os altos da vida — e, de repente, parece que tudo vira de ponta-cabeça? As coisas começam a dar errado, não saem como planejado, as más notícias chegam, e do nada estamos vivendo um pesadelo. Os momentos baixos se arrastam por dias, meses, até anos… e o peso só aumenta.
Não sei se o que vem a seguir irá te ajudar ou te trazer uma luz, mas espero, de coração e espiritualmente, que estas palavras possam trazer alívio ao seu coração. Saiba que situações difíceis exigem fé da nossa parte.
Se vivemos momentos de crise, desespero e angústia… como proceder? Quais os passos a seguir?
Para responder a essas perguntas, por que não meditar em um exemplo bíblico?
Leia, por favor, o primeiro capítulo inteiro de Rute, para que possamos aprender juntas com a vida de Noemi, uma mulher que chegou a dizer:
“Não me chameis Noemi, chamai-me Mara, porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.” (Rute 1:20)
Gostaria de começar este estudo com uma consideração sobre o contexto histórico: o mundo era complicado de se viver naquela época. Podemos ler isso em Juízes 21:25 —
“Naqueles dias, não havia rei em Israel; porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos.”
Imagine o caos que devia ser… E agora fica o questionamento: não vivemos algo parecido?
Pessoas que decidem suas verdades e baseiam suas escolhas no que lhes parece certo?
Que Deus tenha misericórdia de nós, pecadores!
Sabemos que os nomes na Bíblia não aparecem por acaso. No versículo 1, já encontramos Belém (Bayt Lahm em árabe ou Beit Lehem em hebraico), que significa Casa do Pão.
Além de Belém, aparece Judá, que significa “Ele será louvado.”
Os dois primeiros nomes de pessoas que surgem no livro são Elimeleque, que quer dizer “Meu Deus é Rei”, e Noemi, que significa “Minha Amada.”
O que será que podemos aprender com isso?
O versículo 1 deste capítulo fala sobre uma grande fome em Belém de Judá. Mas não acabamos de ver que Belém significava “Casa do Pão”?
No lugar que era considerado a terra que “mana leite e mel”, onde se comeria o pão sem escassez, o Senhor — em Seu justo governo — envia fome para tocar a consciência do povo e levá-lo ao arrependimento.
Será diferente conosco?
Quantas vezes, ao nos desviarmos do Autor e Consumador da fé, Deus permite adversidades para que reflitamos sobre como temos andado?
A Bíblia nos mostra que Elimeleque, aquele cujo nome significa “Meu Deus é Rei”, não consultou o Senhor sobre a Sua boa, perfeita e agradável vontade. Movido pelo medo da fome, ele saiu peregrinando para outra região — o que custou sua própria vida.
Quantas vezes, por não consultarmos a Deus, caminhamos na direção oposta?
Mesmo que não nos custe a vida literalmente, essas decisões nos distraem, nos consomem e nos afastam do Senhor. Quando menos percebemos, estamos mortos internamente.
Por isso, amadas, quero encorajá-las a sempre consultar ao Pai.
Era evidente que algo estava errado na vida de Elimeleque, pois, por que ele daria aos filhos nomes como Malom (“enfermidade”) e Quiliom (“definhamento”)?
Quero continuar nossa meditação na protagonista dos primeiros versículos: Noemi.
Por mais que o livro leve o nome de Rute, Noemi tem um papel essencial no contexto, e não deve ser ignorada.
A família de Noemi passou por muitos problemas, como:
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Fome;
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Dificuldades financeiras;
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Desafios da imigração;
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Doenças;
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Morte e viuvez;
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Solidão;
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E, por fim, amargura contra Deus.
Espero que as próximas reflexões te ajudem a passar pelos momentos de crise com fé e esperança.
Não fugir das crises
Muitas vezes queremos evitar os problemas. O medo e a insegurança nos fazem virar as costas, nos distanciarmos, como fez Elimeleque (Rute 1:1).
Mas onde faltou comida? Em Belém — na Casa do Pão.
Na terra da abundância, houve escassez.
O que te assusta hoje? O que provoca medo em você?
Elimeleque não consultou a Deus, e as consequências foram duras.
Lembre-se: nos momentos de crise, somos chamadas a andar por fé, e não pelo que vemos.
“Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.” (Salmos 23:4)
Aceitar o que você não pode mudar
Você não pode mudar seu irmão, sua irmã, seus pais, filhos, marido, esposa, o clima, a data, o evento, o dia ensolarado ou a chuva.
Há coisas que simplesmente não dependem de nós.
Aceite o mundo como ele é, e não como você gostaria que fosse.
Tenha coragem para mudar o que está ao seu alcance, e peça sabedoria a Deus para discernir a diferença.
Não se abater se a luta se prolongar
Às vezes oramos por anos, clamamos e nada muda.
Mas veja Noemi: ela foi para Moabe em busca de pão, e o marido morreu.
Dez anos depois, seus filhos também morreram.
Agora, uma viúva, sem filhos e sem forças, ela se via sozinha e amargurada.
Mas lembre-se: fracasso não é o que acontece ao redor, e sim quando o interior desiste da vontade de Deus.
Mesmo que doa, entregue tudo ao Senhor. Levante-se, confie, permaneça.
Rute, em meio à dor, teve coragem de agir:
“Deixe-me ir ao campo, e apanharei espigas...” (Rute 2:2)
Ela poderia ser ridicularizada ou rejeitada, mas agiu com fé.
Em tempos difíceis, saber voltar atrás
O orgulho não tem espaço nessa jornada.
Noemi voltou atrás (Rute 1:6).
Voltar atrás é se arrepender, é reconhecer que caminhou sem perguntar a Deus.
É se humilhar, entregar-se e permitir que Ele direcione o que vem adiante.
Volte para casa. Volte para sua família. Volte para Deus.
Permitir que a crise revele, não destrua
Na crise, o coração é exposto.
A confiança em Deus é testada.
Foi assim com Jó, que levou 40 capítulos para entender que a crise tratava de seu interior.
Deus usa as tempestades para mostrar quem somos sem Ele.
Não permita que a vida lhe roube a ternura.
A amargura é como um veneno lento.
Não desconte nos outros o que acontece dentro de você.
Desconfie dos próprios pensamentos, desejos e sentimentos nesses momentos — eles podem te afastar das pessoas e de Deus.
“Não me instes para que te abandone e deixe de seguir-te, porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu.” (Rute 1:16)
Seja uma Rute: fiel, empática, presente.
Esperar e confiar
Crise é tempo de orar, esperar e se render à vontade de Deus.
Nossa luta não é contra carne ou sangue (Efésios 6:12).
Não desanime, pois o inimigo usará o desânimo para te enfraquecer.
Escute a voz de Deus, e não as vozes do medo.
“Não me chameis Noemi; chamai-me Mara; porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso.” (Rute 1:20)
A amargura transforma o coração, e ninguém suporta conviver com quem vive se queixando.
Não deixe a crise roubar sua ternura de viver.
Espere no Senhor, e suas forças serão renovadas.
Deus transforma desastres em bênçãos
“Apanhava espigas no campo após os segadores; e caiu-lhe em sorte uma parte do campo de Boaz...” (Rute 2:3)
Nada é acaso.
Leia (Rute 4:13–22) e (Mateus 1:1–17), e veja como, da dor, Deus gerou redenção e vida nova.
Ele continua fazendo o mesmo hoje
Com amor




